Maria, Madalena… por Nazira Scaff
Quero expressar aqui a minha alegria e orgulho de ter assistido ao espetáculo Maria, Madalena.- Não sou muito versada em artes, pois meu campo é o da medicina o que me toma muito de meu tempo.
Antes de me expressar, contextualizando de onde falo, quero esclarecer uns pontos:
- Escrever aqui é uma superação de minha inibição em falar de algo que não entendo, que não estudei, não pratiquei e para o que não tenho dedicado tempo no acompanhamento de seu desenvolvimento.
- Por isso, reclamo a compreensão daqueles que lidam com a arte.
Para mim, assistir a peça – dança, teatro – foi um deleite.
À princípio incompreensível, sem saber onde ia dar aquele arranjo cênico, com dança e um roteiro enigmático, o espetáculo foi crescendo e constituindo uma experiência arrebatadora.
Tinha ali um cenário interessante com elementos inesperados, colocados de forma inusitada. Estes fluíam do imóvel para o dinâmico. Cada componente do cenário era ao mesmo tempo objeto e sujeito, conteúdo em si de vários símbolos e continente de inúmeros significados. Esses símbolos e significados se entrelaçavam no movimento dando uma sensação de totalidade – não palpável, não delimitada, mas viva e tocante.
O roteiro tinha o feminino em seus dilemas, atado às teias do sistema, da vida autorizada por outrem, mas também o feminino da superação que nos leva para um estado de escolhas próprias, com expressão e sentimentos.
A música maravilhosa fornecia o amálgama que acolhia e embalava dentro e fora do palco.
O protagonismo de cada ator/bailiarino, neste cenário vivo, envolvia chamando-me para atuar e sentir em meu universo interior.
Senti-me no mundo aberto às expressões e ousadias da arte. Nada de convencional, nada de forma fixa, nada de arte reescrita.
Uma surpresa questionadora, sem repetição, embora o tema fortemente pudesse apelar para os chavões da luta da mulher, do campo do feminino, da sexualidade reprimida.
Senti-me presenciando um trabalho elaborado com muito cuidado, forte e ousado, resultado da maturidade de seus diretores – um grande trabalho!
Sim! O espetáculo pareceu-me mais que dança e mais que teatro – uma explosão de profunda criatividade e expressividade.E fiquei muito orgulhosa de ver que foram nossos amigos e amigas que o conceberam – aqui em Campo Grande!
Parabéns aos bailarinos! Parabéns aos diretores! Parabéns Campo Grande!
E muito obrigada por isso.
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