domingo, 10 de junho de 2012

Resenha crítica do espetáculo: Maria, Madalena.

Proposta da professora Christiane Araújo para o 1º semestre do curso de artes cênicas e dança da UEMS.
O trabalho em destaque, foi disponibilizado para contribuir aqui com o nosso blog. Agradecemos!

Disciplina: História do ensino da arte no Brasil.

Professora: Christiane Araújo.

Aluna: Isabele Castanho Calixto.

De volta ao relento

Ao empilhar as caixas, logo no começo, já despertou a minha curiosidade e prendeu a minha atenção (Seria isso uma mania? Algo intencional para prender e/ou confundir os espectadores? Talvez alguma forma de crítica social?), e com pequenos ‘espasmos’ musicais, aquilo, ao meu olhar, foi ficando mais dinâmico. Pequenos movimentos corporais (Com grandioso impacto) foram incorporados. Talvez aqueles outros dois corpos dançantes representem os outros lados, talvez eles só sirvam para reforçar de um jeito chocante a sua total falta de importância (Algo que diga “se não for desse jeito, de algum jeito será”), ou a perda de algo, algo gente, algo coisa (Um trauma talvez?)...

As poses obscenas poderiam significar um abuso sexual, o salto a ansiedade pelo crescer. Não sei, mas sei que por um momento passei a me importar com aquela mulher, ou por todas dentro dela, e esse medo de prosseguir... Deus! Queria eu dar conta de prestar atenção em cada misero detalhe, ao mesmo tempo, queria eu conseguir decodificar cada gesto, cada suspiro, cada entrega cuidadosamente dosada, entender o porquê de travar a sua sensualidade (Tão delicada), o porquê de sua doce criança interna ainda se sentir perdida.

Essa troca entre os corpos, podendo talvez demostrar a bipolaridade da personagem, a vontade de penetrar nos teus mais íntimos desejos, sonhos... O autocontrole nada controlado, mas mesmo assim dosado, o (re) conforto dentre a situação, a (re) construção do corpo enquanto pessoa, a renovação do ser. Gestos controlados, delicados, perturbados, e o mais engraçado é que a pergunta que mais me fiz até agora é “quantos anos ela teria?”, pois essa sim talvez respondesse diversas outras dúvidas e desvendaria diversas impressões e deduções sobre situações traumáticas.

A essa altura do ‘campeonato’ a música (ou qualquer outro som) virou acessório, virou nada, e o nada, nesse caso, é lindo, é cheio de intenções, é cheio de vida, e a vida, cheia de obstáculos. A pressa em terminar, o pular etapas, a impaciência, raiva, raiva, raiva... Medo! E voltamos para a entrega dosada, que por mais presa que seja, existe, e volta cada vez mais forte, cada vez mais sua, ou nossa... O sapato guardado, me fazendo ter cada vez mais certezas, cada vez mais dúvidas, cada vez mais paixão por esses corpos, por essa mulher, para essa ‘gente’. Horrível ver seu desgaste, tanto físico quanto emocional, e suas mãos gritando ‘chega’. Minha pergunta então respondida foi... Todas as idades, todos os tamanhos, todas as formas, todas as cores, toda essa diversidade, física, psíquica, emocional, no mesmo indivíduo, e que maravilhoso indivíduo, ele somos nós, ela somos nós, pessoas, inseguras ou não (Mas sim, sempre em algum ponto), pessoas, e que efeito de luz é esse? Quando acho que já estou completamente entregue para ‘nós’, o espetáculo, das cores, me prende e me surpreende mais uma vez (Estou chocada, e extremamente extasiada!).

Agora, tomando meu café, me deparo encarando meus próprios medos, meus próprios traumas, questionando o meu corpo enquanto gente. Por que querer mais açúcar? E se quero, qual seria a intensidade disso? Tamanha proporção poderia me levar à loucura? Assim como o nós, minhas mãos “gritam” chega! Até onde meu corpo é Individuo, até onde meu corpo é Ser? A única certeza que tenho perante tal pergunta, inevitavelmente filosófica, é de que a dúvida será eterna. Mas seria eterna a melhor definição? Se o meu Ser algum bem fizer, consequentemente não virará um Individuo? E se Individuo fosse, ainda haveria um ser? Seu muro de papelão(Seu escudo, sua proteção, seus medos), é a sua segurança, a sua fortaleza.

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