Me apropriei de um texto do Paulo Caldas (O Movimento Qualquer) em que ele escreve:
"Aqui, tendo a considerar dois âmbitos da composição coreográfica: o artesanato e a arquitetura. Definiria, precariamente, o artesanato como aquilo que se passa sobretudo no corpo, um trabalho sobre o corpo ligado à composição de uma partitura de movimento; definiria, precariamente, a arquitetura como aquilo que se passa sobretudo na cena, um trabalho sobre esses elementos constitutivos (incluso aí, evidentemente o corpo)".
Essa ideia de artesanato e arquitetura me ajudou no entendimento do que acontece na cena (com cenários, figurinos, música, luz), que a meu ver, é diferente do que acontece no corpo. Como já dizia Merce Cunningham "música, figurino, cenário, iluminação e dança possuem lógica e identidade próprias separadas".
Me fez pensar em como uma fotografia, onde se vê o todo (arquitetura) revela pouco e o quanto ela passa a revelar à medida que se amplia infinitamente uma parte dela. Até se descobrir algo que a princípio não era visível, o trabalho do corpo na cena (artesanato). Trouxe essa estrategia para propor às intérpretes que buscassem esse estranhamento, algo não revelado, para a composição das personagens (e de seus movimentos), principalmente para aquela que para mim foi a mais difícil de compor, a Madalena.
Me vem a cena do filme "Blade Runner" de Ridley Scott, em que o ex-blade runner (caçador de andróide) Deckard, usa da tecnologia para desvendar uma fotografia e assim descobrir elementos/pistas que o levassem ao paradeiro dos andróides fugitivos.
http://youtu.be/QkcU0gwZUdg
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